É a nona vez que valor do produto sobe nas refinarias este ano, embora a nova gestão da Petrobras tenha diminuído a intensidade dos reajustes. Analistas estimam que haverá impacto de 1% a 1,5% nos preços cobrados nas bombas.
(crédito: Bruno Spada/MME)Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter afirmado, na semana passada, que sugeriu ao presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, não aplicar reajuste nos combustíveis toda vez que houver variação no dólar e no barril do petróleo, a estatal voltou a anunciar aumento no preço da gasolina, embora em ritmo mais tímido.
Conforme comunicado da companhia divulgado ontem, o litro da gasolina passará de R$ 2,69 para R$ 2,78 nas refinarias a partir de hoje. É o nono reajuste no ano e o segundo aumento nos preços do combustível na gestão de Luna. Seu antecessor, Roberto Castello Branco, tentava corrigir a defasagem de preços entre os mercados interno e externo de forma mais frequente, o que não agradava a Bolsonaro, que o demitiu em fevereiro.
O reajuste anunciado ontem, representa alta de 3,34%, acima da correção anterior, de 6,3%, realizada em julho, mostrando uma desaceleração na velocidade da política de preços da Petrobras.
O anúncio da estatal coincidiu com a cerimônia no Palácio do Planalto de assinatura da medida provisória que autoriza a venda direta de etanol por produtores aos postos de combustíveis. A iniciativa, que busca reduzir os custos do etanol para o consumidor, acabou sendo ofuscada pelo novo aumento da gasolina.
Pelos cálculos do economista Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos, ainda há defasagem de 13% nos preços da gasolina. “A nova gestão da Petrobras sinalizou que só fará um reajuste quando observar uma mudança estrutural nos preços do petróleo e do dólar. A dinâmica é de um ritmo menor do que a gestão de Castello Branco e mostra que eles querem aumentar o espaçamento entre as correções”, avaliou.
“O impacto não chega integralmente na bomba, porque a gasolina comum tem 27% de álcool anidro na mistura”, explicou Braz. Ele lembrou que, por conta disso, o preço da gasolina subiu 51% na refinaria desde o início do ano, enquanto, nas bombas, a alta foi de 27%. “Mas não podemos esquecer que o etanol é derivado da cana-de-açúcar, que está sendo muito afetada pela crise hídrica”, alertou.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto o IPCA acumula alta de 8,99% em 12 meses até julho, os preços da gasolina e do etanol saltaram, respectivamente, 39,65% e 57,27%, no mesmo período.
Andre Braz lembrou que, com etanol, gás de cozinha e energia elétrica, a gasolina integra um grupo de itens energéticos que são responsáveis por 40% da alta do IPCA neste ano, praticamente quatro vezes o percentual registrado no ano passado. “A gasolina permanece no radar como uma das maiores influências da inflação de 2021 e isso deverá perdurar, pelo menos, até o fim do ano”, ressaltou.