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© Dida Sampaio/Estadão Apesar do esforço, Guedes pode abandonar de vez o projeto de reforma do Imposto de Renda.
Por Camila Turtelli, Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli

BRASÍLIA - Na tentativa de driblar os obstáculos ao avanço da proposta que muda o Imposto de Renda, o ministro da EconomiaPaulo Guedes, deve se reunir na semana que vem com deputados da oposição na Câmara em busca de um denominador comum que resulte em maior apoio à iniciativa. Mesmo com esse gesto, porém, as concessões recentes em nome de mais votos acenderam o alerta na equipe econômica, que pode abandonar de vez o projeto caso fique claro que ele será desfavorável para as contas do País.

Como mostrou o Estadão/Broadcastintegrantes da equipe econômica já têm hoje a avaliação de que a reforma do IR “não se paga” e que as disputas em torno do projeto são até positivas por adiar ainda mais a votação, deixando tudo como está.

Apesar do ceticismo dessa ala da equipe, o ministro da Economia tentará buscar na oposição uma “tábua de salvação” para a proposta. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Guedes ligou para o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), e pediu uma conversa com os demais representantes da esquerda. O ministro se valeu de um denominador comum entre eles: o desejo de taxar lucros e dividendos, um ponto que encontra resistência nos partidos de centro.

A ligação ocorreu após a reforma ser retirada do debate do plenário da Câmara pela terceira vez, depois da mobilização de líderes do centro, oposição e até do governo preocupados com o impacto do texto para Estados e municípios. Em discussão estava a possibilidade de ampliar a cobrança de IR sobre dividendos (hoje isentos) de forma gradual, o que afetaria a arrecadação não só da União, mas também dos governos regionais. Um pedido de retirada de pauta foi aprovado pelo placar de 399 votos a favor e 99 contra.

Estadão/Broadcast apurou que, na conversa, Guedes disse que é importante para o País aprovar a reforma e que o projeto saiu de pauta porque não havia segurança de que seria aprovado.

O encontro ficou agendado para a próxima terça-feira, 24, no fim da tarde. Os parlamentares devem defender a taxação de lucros e dividendos de forma progressiva - taxar mais os que ganham mais – e a ampliação da faixa de isenção e da declaração simplificada para pessoas físicas.

"Essa lista de tópicos que os partidos de oposição devem apresentar ao governo terá foco na progressividade tributária. Tem que haver mais alíquotas na tributação sobre lucros e dividendos. Não pode haver escapatória no juro de capital próprio. Ele não pode ficar condicionado à tributação sobre minério, sobre recursos hídricos", afirmou o deputado Afonso Florence (PT-BA) nesta quinta-feira, 19.

Molon afirma que os partidos vão defender pontos para uma reforma tributária que alivie as classes populares e a classe média. "Uma que aumente a tributação dos super-ricos. Se o governo estiver disposto a avançar nessa direção, estamos dispostos ao diálogo e até a apoiar. Não somos a oposição do quanto pior melhor, somos uma oposição propositiva que quer ajudar o Brasil a sair da crise e a gerar emprego e renda", disse.

A líder do PSOLTalíria Petrone (RJ), disse que ainda precisa deliberar com sua bancada sobre a reunião. Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) discorda do encontro. "Tributar lucros e dividendos é o que a oposição historicamente defende. Agora, isso é um debate do parlamento com o parlamento, não temos nada para negociar com Paulo Guedes", disse.

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