Haveria pior hora do que essa para que Bolsonaro fosse
condenado a pagar multa a uma jornalista por ofensa de natureza sexual e
perdesse Pedro Guimarães, ou Pedro Maluco, ou Pedro Garagem como era conhecido
o presidente da Caixa Econômica Federal, acusado de assédio sexual a
funcionárias do banco?
Sempre poderá haver pior hora – talvez a próxima, ou a
seguinte, ou a que vier às vésperas das eleições, porque desse governo repleto
de cafajestes já não se espera mais nada. Se há 3 meses, Bolsonaro disse que
não havia corrupção no governo, ontem disse que “pipocam” denúncias isoladas de
corrupção aqui e acolá.
Isoladas, uma pinóia. Houve corrupção na tentativa de compra
da vacina Covaxin contra a Covid. O ministro do Meio Ambiente foi demitido por
envolvimento com contrabando de madeira. Orçamento Secreto foi a maneira encontrada
por Bolsonaro para comprar o Congresso. Investiga-se a roubalheira na Educação.
O presidente e os filhos da rachadinha são tudo menos
honestos. Decente não pode ser quem homenageia milicianos assassinos e tem como
advogado um rábula que abriga em sua casa um procurado pela polícia. Pedro
Guimarães era Pedro Maluco desde os tempos de diretor do BTG Pactual e do Banco
Santander.
Estava com Bolsonaro desde que esse começou a montar seu time
de governo. Virou Pedro Garagem tão logo assumiu a presidência da Caixa
Econômica e sentiu-se à vontade para dar vazão aos seus instintos mais
primitivos. Dos seus muitos casos de assédio sexual, a Esplanada dos
Ministérios estava cansada de ouvir falar.
Mas o Poder costuma ser promíscuo, e por isso mesmo
conivente. Conhece o que se passa em suas entranhas, mas silencia. Pedro
Garagem tornou-se um dos poucos homens da inteira confiança de um presidente
machista, misógino e homofóbico. Portanto, quem ousaria denunciá-lo? Algumas
poucas mulheres, afinal, ousaram.
É possível que a tampa do esgoto seja removida a partir do que elas tiveram a coragem de contar ao Ministério Público Federal. Governo nas cordas, como esse está, sujeita-se a ter seus podres revelados quando está próximo do final. Não importa que os fanáticos seguidores de Bolsonaro só acreditem no que ele diz.
Eles são poucos se comparados com o que já foram no passado.
O déficit de votos de Bolsonaro para se reeleger é gigantesco. E nada indica
que será reduzido faltando pouco mais de 90 dias para o primeiro turno das
eleições. Quanto mais Lula caminhar para o centro, mais Bolsonaro será
empurrado para a beira do abismo.