Presidente brasileiro segue, ipsis litteris, roteiro do colega norte americano, Donald Trump, que hoje oscila entre voltar à Casa Branca e ir morar numa cadeia
Por-Ricardo Kertzman (foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
Muito mais do que desespero ou golpe eleitoral, a chamada PEC
(Proposta de Emenda à Constituição) Kamikaze, aprovada ontem, quinta-feira
(30/6) no Senado Federal, que, dentre outras medidas eleitoreiras prevê o
aumento provisório do Auxílio Brasil, um vale-caminhoneiro e a gratuidade em
transporte público, ao custo total de 40 bilhões de reais, parece ter como pano
de fundo a inviabilidade fiscal do próximo governo. Mas não só.
Sob o comando de Arthur Lira, presidente da Câmara, a base
governista (leia-se, centrão) prepara uma outra bomba de efeito paralisante
para o futuro governante: a manutenção compulsória das emendas do relator, base
das tais emendas secretas. Uma vez aprovada a nova lei, o governo seguinte será
ainda mais refém do Congresso Nacional. O Brasil que se prepare, pois, para
mais confusão institucional e menos paz social.
O leitor menos atento pode estar se perguntando: qual o
interesse de Jair Bolsonaro em sabotar a si mesmo, caso vença a eleição? Bem, o
verdugo do Planalto sabe que essa possibilidade é cada vez mais remota,
portanto, tudo o que fizer hoje para atrapalhar a provável futura gestão
petista será pouco. O amigão do Queiroz também investirá ainda mais forte,
daqui para frente, em suas teorias conspiracionistas e golpistas.
A ideia é clara e uma só: manter-se eleitoralmente forte e
ativo, enquanto seus arruaceiros digitais - o próprio filho, inclusive - cuidam
de conspirar, dia e noite, contra a democracia. Assim, não só manterá a
crispação eleitoral e a cisão social em alta, como pavimentará o próprio
caminho para uma possível volta, nos moldes do que fez e faz Donald Trump nos
EUA. Fantasia, exagero meu? Bem, vejam o que está em curso nas terras do Tio
Sam.
O plano objetiva dois intentos: retomar o poder e, talvez
ainda mais importante, escapar da Justiça. Que o devoto da cloroquina irá
sofrer uma enxurrada de ações judiciais tão logo seja alijado do Planalto, isso
ninguém duvida. Uma vez em curso, diante do sistema judiciário do Brasil, a
possibilidade de uma condenação em apenas quatro anos é nenhuma. Dessa forma,
faz-se necessário e imprescindível o retorno à Presidência em 2026.
Com isso, meus caros, uma coisa é certa: os próximos oito
anos, no mínimo!, serão mais do mesmo. Um País com o caixa estourado, sem
capacidade de investimento, sem credibilidade nacional e internacional,
entregue a projetos populistas e autocratas de Poder - seja o meliante de São
Bernardo ou o patriarca do clã das rachadinhas o presidente -, com pouco ou
nenhum crescimento econômico e outras catástrofes de cunho social.
A década dos anos 1980 foi apelidada de 'década perdida’. Pior: os anos posteriores não se mostraram mais prósperos. Hoje, após a hecatombe sócio-econômica protagonizada pelos anos de cleptocracia populista lulopetista, agravada sobremaneira por este desgoverno aloprado, caminhamos a passos largos para outro ciclo de retrocesso. O Brasil, cada vez mais, prova ser o país do futuro, ou seja, aquele lugar imaginário onde nunca chegamos.