Sousa veio disposto a se encontrar com o ex-presidente Lula, motivo que levou o presidente Jair Bolsonaro a cancelar o almoço que ele teria na segunda-feira (4/2) com o líder português (Vicente Nunes - Correspondente)
Lisboa, Portugal — O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo
de Sousa, desembarcou em São Paulo, neste sábado (2/7), disposto a se encontrar
com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, motivo que levou o
presidente Jair Bolsonaro a cancelar o almoço que ele teria na segunda-feira
(4/2) com o líder português. Rebelo de Souza viajou para o Brasil para
comemorar o centenário do primeiro voo pelo Atlântico feito por Sacadura Cabral
e Gago Coutinho. “Não se morre porque um almoço foi cancelado. Não há drama
nisso”, disse o presidente pouco antes de embarcar para o Brasil.
Segundo ele, partiu de Bolsonaro o convite para que eles
almoçassem. Rebelo de Castro já tinha agenda no Brasil e decidiu estender por
mais um dia para o compromisso com o presidente brasileiro. O deslocamento dele
para Brasília, por sinal, exigiria uma logística interna. Um avião da Força
Aérea Brasileira (FAB) teria que deslocá-lo da capital do país para que ele
pudesse embarcar em outra cidade, provavelmente Recife, de volta para Portugal.
“Quem convida para almoçar é que decide se quer almoçar ou
não”, afirmou Rebelo de Souza. Ele disse entender o contexto político
brasileiro, mas lembrou que, no ano passado, esteve no Brasil e conversou com
ex-presidentes brasileiro e, ainda assim, Bolsonaro o chamou para um almoço.
“Portanto, há um paralelo na situação”, frisou. Além de Lula, o líder português
se encontrará com o ex-presidente Michel Temer e deve falar com Fernando
Henrique Cardoso.
Para o presidente português, “é evidente que, se o presidente da República do Brasil entende que não pode, não quer, não é oportuno, não entra na sua programação neste momento manter o convite, que, aliás, me mandou por escrito, que o faça”. “Quem convida tem a palavra de manter ou não o convite”, frisou.
Brasil e Ucrânia
Rebelo de Sousa lembrou que há questões políticas
importantes, nas quais Portugal e Brasil discordam. “Na questão da Ucrânia,
Brasil e Portugal tiveram posições diferentes. Portugal é aliado da Ucrânia, o
Brasil, não. Essa é uma situação pesada. O almoço, não”, enfatizou.
No entender dele, porém, nada atrapalha as relações entre os dois países, pois não se trata de pessoas, mas de relações entre povos. Há, segundo ele, mais de 200 mil brasileiros vivendo hoje em Portugal e mais de 1 milhão de portugueses no Brasil. “Temos, portanto, saber o que é fundamental ou não”, disse. Neste sábado, o presidente português participa da Bienal do Livro.