Nas últimas nove edições, apenas América-MG (2020) e Fortaleza (2021) quebraram a hegemonia dos considerados "grandes" entre os quatro melhores do torneio.
O empate com pinceladas dramáticas e farta dose de sofrimento
contra o América-MG classificou o São Paulo para a semifinal da Copa do Brasil,
fase em que os tricolores vão enfrentar o Flamengo. No outro duelo, Corinthians
e Fluminense medem forças. A composição dos confrontos, certamente trepidantes,
reflete a nova tendência da competição, que hoje em dia praticamente não
permite aos coadjuvantes alimentarem grandes aspirações de assumir o
protagonismo, como era frequente num passado não tão distante.
As mudanças no regulamento e a participação dos clubes que
disputam também a Libertadores tornou a presença dos franco-atiradores cada vez
mais incomum nas semifinais da Copa do Brasil. Na edição passada, o Fortaleza
chegou entre os quatro (sendo eliminado pelo futuro campeão Atlético-MG), e um
ano antes o próprio América-MG também havia marcado presença (perdendo para o
Palmeiras, que levantaria a taça), mas foram exceções que confirmam a hegemonia
dos chamados "grandes" nesta última década.
Nos últimos muitos anos, tirando o Leão do Pici e o Coelho,
conseguiram alcançar a fase prévia à decisão apenas clubes pertencentes aos
maiores centros (os grandes de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e
Minas Gerais), atém do Athletico-PR, que podemos considerar um "novo
grande", ou ao menos um clube em franca ascensão, como prova a frequente
presença em instâncias decisivas Na última década, o Furacão chegou três vezes
na semifinal: além de 2019, quando venceu seu único título, também em 2013 e
2021.
Antes de Fortaleza e América, o último "azarão"
havia sido o Goiás de 2013, que deixou pelo caminho Fluminense e Vasco antes de
ser derrubado pelo Flamengo (que venceria a decisão contra o Athletico-PR). E
nos anos anteriores à campanha do Esmeraldino, houve muitos outros, com algumas
presenças difíceis de imaginar nos tempos atuais, como 15 de Novembro (este
realmente impossível, pois não existe mais), Ipatinga e Brasiliense. A fase
semifinal de 2011, por exemplo, contou com Coritiba, Avaí e Ceará.
Hoje é impensável cogitar a repetição de campeões como Santo
André (2004) e Paulista (2005), mesmo de um clube popular como Sport (2008), o
último campeão a superar o mainstream, ou ver um Figueirense chegando à decisão
(como em 2007, quando perdeu para o Fluminense). Na competição que durante
muitos anos assumiu o papel de mais democrática do calendário nacional, onde os
pequenos podiam sonhar grande, atualmente o abismo de receitas e alguns
critérios questionáveis de regulamente tornaram o país de dimensões
continentais muito mais estreito. Praticamente, resumido a quatro ou cinco
cidades.