Ao sair da sabatina realizada pela União Nacional do Comércio e dos Serviços (Unecs), em Brasília (DF), o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi questionado nesta terça-feira (30) sobre matérias exclusivas do UOL que mostraram que a sua família adquiriu 51 propriedades com pagamentos em espécie. O mandatário, irritado, informou que não sabia do que se tratava as matérias e afirmou: “Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel”.
O presidente, então, reclamou de supostos ataques da imprensa contra os seus filhos e questionou: “ O que eu tenho a ver com os negócios deles?”.
Indagado se temia que as reportagens pudessem impactar negativamente a sua candidatura à reeleição, Bolsonaro respondeu que “não vai ter”. “Quem está fazendo é um órgão de imprensa que não tem mais qualquer credibilidade no Brasil”, completou ao criticar o portal UOL.
O mandatário ainda afirmou que não se importa com eventuais investigações sobre os imóveis. “Então tudo bem. Investiga, meu Deus do céu. Quantos imóveis são? Mais de cem imóveis… Quem comprou? Eu? A minha família? Meus filhos já foram investigados. Desde quando eu assumi, quatro anos de pancada em cima do Flávio, do Carlos, Eduardo menos… Familiares meus do Vale do Ribeira. Eu tenho cinco irmãos no Vale do Ribeira.”
“Se formos punidos por fake news, iriam fechar muitos órgãos de imprensa. Sou o primeiro a defender a imprensa. Pode continuar me criticando sem problema nenhum. Fiquei sabendo que um órgão está fazendo levantamento dos meus imóveis desde 90 com minha família, inclusive vi que minha mãe, que faleceu, está no processo, dona Olinda, com 94 anos de idade”, completou.
Relembre o caso
Os colunista Thiago Herdy e Juliana Dal Piva, ambos do UOL, divulgaram uma série de reportagens nas quais apontaram que o clã Bolsonaro negociou, desde 1990 até os dias atuais, 107 imóveis. Dentre eles, pelos menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro em espécie.
As compras, que totalizaram R$ 13,5 milhões, foram registradas em cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, nomenclatura para se referir a repasses de dinheiro vivo.
A quantia total gasta, corrigida pelo IPCA nos dias atuais, equivale a R$ 25,6 milhões.
Não foi possível obter a informação sobre a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram R$ 986 mil na época (equivalente a R$ 1,99 milhão em valores atuais), pois não consta nos documentos de compra e venda.
Já em 30 imóveis, quem totalizaram R$ 13,4 milhões (ou R$ 17,9 milhões corrigidos pelo IPCA), os pagamentos foram realizados por transações mediante cheques ou transferência bancária.