Publicações da ex-ministra nas redes sociais dizem que governo do ex-presidente tinha cartilha para ensinar jovens a fumar crack; defesa diz que se manifestará apenas nos autos do processo
Uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou,
na noite desta quarta-feira (17), que a ex-ministra Damares Alves
(Republicanos) retire do ar quatro publicações com informações falsas sobre os
governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As publicações, feitas no dia 2 de agosto, tratam de um mesmo
vídeo com o título “Governo Lula ensinava em cartilha como os jovens deveriam
usar crack”, que foi distribuído no YouTube, Twitter, Facebook e Instagram da
candidata ao Senado. Damares é candidata ao Senado no Distrito Federal pelo
Republicanos.
Na decisão judicial, o ministro do TSE, Raul Araújo, pontuou
que a cartilha mencionada “possuía orientações direcionadas às pessoas
dependentes de substâncias entorpecentes”.
Ele acrescenta que o objetivo do material em questão era a
redução de danos para dependentes químicos, “e não o incentivo motivacional ao
uso de drogas ilícitas”.
“O vídeo impugnado apresenta conteúdo produzido para
desinformar, pois a mensagem transmitida está totalmente desconectada de seu
contexto embrionário”, escreveu o ministro.
“É plausível a tese da representante de que o vídeo editado
divulga fato sabidamente inverídico em que o conteúdo da publicação acaba por
gerar desinformação”, completa a decisão.
Raul Araújo deu 24 horas para as redes sociais retirarem as
publicações do ar, dois dias para que Damares apresente defesa e ainda mandou
intimar o Ministério Público Eleitoral (MPE) para que se manifeste em até um
dia.
Até a publicação desta reportagem, o vídeo de Damares Alves
permanece no ar em todas as plataformas.
A assessoria da ex-ministra afirmou à CNN em nota que “a
assessoria jurídica do partido Republicanos vai se manifestar apenas nos autos
do processo e provará a veracidade do conteúdo questionado na Justiça
Eleitoral”.
A representação contra as publicações de Damares havia sido
protocolada pela coligação da candidatura de Lula à Presidência nas eleições de
outubro.
“Essa decisão do TSE reforça a importância do combate à
desinformação e às fake news que mais uma vez se fazem presentes durante o
processo eleitoral”, afirmaram os advogados da coligação, Cristiano Zanin e
Eugênio Aragão, em nota, após a decisão do TSE.
Veja o vídeo
Thais ArbexLéo LopesCarolina Figueiredoda CNNem Brasília e São Paulo