Pesquisa mostra que maior parte das companhias no Brasil pretende fazer treinamentos para colaboradores; liderança, inteligência emocional e produtividade são alguns dos cursos mais procurados (Por Bruno Alfano)
Curso online: empresas promovem qualificação de seus funcionários foto Pixabay
Nove em cada dez empresas vão investir até o final de 2022 em treinamento e formação de funcionários. Além disso, elas não reduzirão investimentos em qualificação tecnológica. Os dados são de uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte e mostram que o setor privado vem oferecendo cursos por conta própria para suprir lacunas na formação educacional da população. É uma excelente oportunidade para desenvolver habilidades de funcionários e aumentar a diversidade no mercado corporativo, dizem analistas.
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No estudo, a consultoria avalia que essa necessidade de maior qualificação realizada pelas próprias empresas reflete uma lacuna estrutural na formação desses profissionais. Confirma essa percepção o fato de a educação figurar como a principal demanda social do empresariado para o setor público, seguida por saúde, saneamento básico e segurança.
— As empresas têm assumido essa tarefa não só porque as escolas têm formado com falhas, mas também porque tudo está mudando numa velocidade rápida demais — afirma Dani Plesnik, líder de talent & culture da Deloitte. — A beleza disso é que eu tenho a oportunidade de aumentar a diversidade da empresa. Se tenho que ensinar, posso buscar pessoas de perfis diferentes e que mais precisam.
Parcerias
Com isso, empresas que oferecem treinamento para funcionários estão em plena ascensão. A Conquer In Company, por exemplo, unidade de negócios da Escola Conquer voltada para treinamentos corporativos, foi lançada em 2017 e, desde então, vem dobrando de tamanho a cada ano. Em cinco anos de existência, treinou 260 mil funcionários de mais de 500 empresas.
— A maior procura mesmo é por soft skills (habilidades comportamentais). Nosso três cursos mais buscados são Liderança, Inteligência Emocional e Produtividade e Inovação — afirma Karina Cardozo, head de produto da Conquer In Company.
Plesnik aponta que a rápida mudança das profissões exige uma formação holística:
— Ficou mais difícil ser profissional. Agora precisamos de senso crítico e capacidade de análise. Já as tarefas mecânicas serão feitas pelo Google.
Outra vertente de atuação é o treinamento de revendedores e parceiros. Moradora de São José dos Pinhais, Luciana Lopes da Silva, de 44 anos, fez os cursos de treinamento de vendas, desenvolvimento pessoal e empreendedorismo em março deste ano, no programa “Empreendedores da beleza”, do Boticário, gerido pela Conquer In Company:
— Foi este curso que me fez decidir por completar os estudos. Fez muito bem para minha autoestima e aprendi a usar a internet para vender.
Já a Ambev fechou uma parceria com a Education Journey, plataforma agregadora de soluções educacionais em tecnologia. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento profissional dos colaboradores e prepará-los para os desafios do mercado de trabalho. A ferramenta já foi disponibilizada para 300 trabalhadores da companhia. Com mais de dez trilhas de aprendizagem, eles passam por requalificação e aperfeiçoamento em gestão, data science, marketing, tecnologia, entre outros. Também estão disponíveis aos colaboradores mais de quatro mil cursos de oito edtechs parceiras.
— As empresas precisam se tornar também a nova sala de aula e incentivar o aperfeiçoamento de seus colaboradores, preparando a força de trabalho para a nova economia — diz Iona Szkurnik, fundadora e CEO da Education Journey.