No caso, a história não se repetirá como farsa
Por-Ricardo Noblat
Não são apenas as siglas de partidos que os candidatos
escondem com medo de perder votos. Pela mesma razão, muitos também escondem o
nome de Bolsonaro, até mesmo os que o apoiam e são por ele apoiados. A história
seria outra se Bolsonaro estivesse bem nas pesquisas de intenção de voto, e sua
rejeição fosse baixa.
No Distrito Federal, por exemplo, onde a pesquisa
Metrópoles/Ideia apontou Bolsonaro com 41,6% das intenções de voto contra 33,5%
de Lula, a deputada federal Flávia Arruda (PL), candidata ao Senado, tem o
cuidado de pouco mencionar o nome do seu ex-chefe em discursos ou postagens nas
redes sociais.
Flávia foi ministra da Secretaria do Governo. Bolsonaro tudo
fez para que ela se candidatasse ao governo, mas Flávia não quis. Damares Alves
(REPUBLICANOS), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, candidata
avulsa ao Senado apoiada por Michelle, é quem mais se mostra ligada a
Bolsonaro.
É possível que em um debate de candidatos ao governo não se
fale uma única vez o nome de Bolsonaro? Aconteceu na última quinta-feira quando
o Correio Braziliense reuniu os candidatos que disputam o governo do Distrito
Federal; Ibaneis Rocha (MDB) faltou. Nem eles, nem os entrevistadores se
referiram a Bolsonaro.
Candidato ao Senado no Rio Grande do Norte, ex-ministro do
Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PL) mantém distância de Bolsonaro,
segundo levantamento do jornal O Globo. No Rio, candidato à reeleição, o
senador Romário (PL) procede da mesma maneira, como faz o governador Cláudio de
Castro (PL).
Não é diferente no Tocantins, onde Ronaldo Dimas (PL),
candidato ao governo, ignora sua condição de correligionário de Bolsonaro. Na
mais recente pesquisa nacional do Datafolha para presidente, Bolsonaro avançou
três pontinhos, mas perde para Lula por 51% a 37%. Lula vence em São Paulo, Rio
e Minas Gerais.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, gravou um vídeo onde
ameaça negar dinheiro para os candidatos a deputado federal que não se
empenharem em eleger Bolsonaro. O PL recebeu do fundo eleitoral 288,5 milhões.
São poucos, porém, dentro do partido os que acreditam na ameaça feita por Costa
Neto.
É cedo para concluir que o PL esteja “cristianizando” seu
candidato a presidente. O termo nasceu em 1950 quando o Partido Social
Democrático (PSD) lançou a candidatura do mineiro Cristiano Machado à
presidência da República. Mais tarde, abandonou-o e apoiou Getúlio Vargas
(PTB), que se elegeu.