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 Decisão do Supremo foi principal assunto de figurões do PIB em almoço com presidente, que teve até desagravo a um dos alvos (Por Malu Gaspar )

Luciano Hang, da Havan, e Bolsonaro durante solenidade no Planalto Pablo Jacob/Agência O Globo

A operação autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes sobre empresários bolsonaristas foi o principal assunto das conversas no almoço do presidente da República, Jair Bolsonaro, nesta terça-feira (23), em São Paulo.

Publicamente, o presidente não mencionou o assunto. Mas em privado, nas rodas de conversa, Bolsonaro se queixou do que chamou de absurdo da operação e incentivou seus interlocutores a se mobilizarem contra ela.

"Vocês têm que se defender! Os políticos se defendem, os delegados se defendem, o Ministério Público também", exortou Bolsonaro a um grupo menor, ainda antes de pegar o microfone para discursar, no evento promovido pela associação Esfera Brasil na casa de seu fundador, João Camargo.

Além de Isaac Peres, também tiveram a quebra de sigilo bancário decretado Luciano Hang, dono da rede varejista Havan; José Koury, controlador do Multiplan; Meyer Nigri, fundador da Tecnisa; Afrânio Barreira Filho, sócio da rede de restaurantes Cocobambu; Ivan Wrobel, sócio da W3 Engenharia; Luiz André Tissot, da empresa de móveis de luxo Sierra; e Marco Aurélio Raymundo, dono da Mormaii.

Outro assunto bastante comentado no evento foi o fato de Nigri, dono da Tecnisa, ter entregue a senha de seu celular aos policiais federais, o que permitiu que eles localizassem rapidamente mensagens trocadas com o procurador-geral da República, Augusto Aras.

Nigri e Aras são amigos próximos. Foi do PGR, inclusive, que o dono da Tecnisa contraiu a Covid que quase o matou, em 2020.

"Nossos advogados sempre dizem que não somos obrigados a entregar a senha durante uma operação, mas parece que ele ficou assustado com aquele aparato todo dentro da casa dele e não conseguiu resistir", contou um dos convidados sobre o que se dizia nas conversas.

No almoço, que teve como participantes André Esteves, do BTG Pactual, Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco e Flávio Rocha, da Riachuelo, o incômodo com a operação de Moraes era geral.

"Todo mundo criticou o que o Moro fez, e agora estão fazendo tudo igual de novo", criticou um dos interlocutores do presidente entre os empresários.

Segundo o jornal O GLOBO contou ontem, Bolsonaro disse também afirmou nos bastidores do evento que a operação da PF provaria que o órgão não sofre a interferência da Presidência da República.

O presidente evitou criticar diretamente a operação.

Em vez disso, disse que os empresários que estavam no encontro eram "pessoas esclarecidas" e questionou se eles achavam "proporcional" e "razoável", pelo que estava escrito nas conversas de WhatsApp, "uma pessoa ter seu sigilo bancário quebrado e suas redes sociais bloqueadas".

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