Suspeitos chegaram a matar um cão como forma de ameaça. Quadrilha também comprou esmeraldas, ouro, diamante e até avião. Seis foram presos (Por-Thalys Alcântara)
Goiânia – Um grupo comprava armas de fogo legalizadas para
roubar propriedades em Goiás. É o que revela investigação da Polícia Civil, que
deflagrou uma operação nesta terça-feira (23/8) contra esse esquema de grilagem
de terra. Seis homens foram presos e 12 mandados de busca e apreensão foram
cumpridos. A polícia definiu o grupo como uma “milícia particular”.
Segundo a delegada Débora Melo, da Delegacia de Repressão às
Ações Criminosas Organizadas (Draco), dois integrantes da quadrilha possuíam
registro de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC). Com isso, eles armavam o
grupo. Mais de 10 armas foram apreendidas entre pistolas, revólveres e
espingardas.
Polícia prende suspeitos de integrar "milícia
privada" em GoiásPCGO
Avião apreendido com suspeitos de integrar "milícia
privada" em GoiásPCGO
Foram presos um empresário, um agrimensor, dois garageiros e
dois corretores. O agrimensor seria responsável por identificar os alvos do
grupo: propriedades urbanas e rurais com problemas cartorários e na justiça.
“Eles forjavam documentos e chegavam no local como se fossem
donos. Os donos legítimos eram expulsos de forma violenta”, explicou a delegada
ao Metrópoles. Foram identificadas propriedades invadidas nos municípios
goianos de Inaciolândia, Formosa, Aparecida de Goiânia, Itumbiara e até em
cidades do Mato Grosso.
Violência e expansão
Para conseguir invadir as propriedades, os criminosos teriam
usado armas legalizadas. No entanto, o registro não permitia o porte de arma,
que é a autorização de andar armado. Em um dos casos, um cachorro teria sido
morto com um tiro como forma de ameaça para que os donos legítimos deixassem o
local.
As propriedades invadidas eram então vendidas e com o
dinheiro arrecadado os criminosos teriam começado a investir em outras áreas,
como venda de veículos. Há suspeita de compra de pedras preciosas como
diamantes, ouro e esmeraldas. Cerca de 2 kg de pedras semelhantes a esmeraldas
foram apreendidas na operação desta terça. Uma perícia deve confirmar o valor
das pedras.
O líder do grupo também chegou a adquirir uma aeronave modelo
Cessna 402, avaliada em cerca de R$ 600 mil. Um dos integrantes do grupo chegou
a abrir uma fábrica de produtos hospitalares descartáveis, como máscaras.
Também há indícios de que o grupo atuava no tráfico de drogas, segundo a
delegada. A polícia ainda apreendeu munições, documentos com indícios de
falsidade, veículos e equipamentos fabris.
Segundo a delegada, o prejuízo das vítimas identificadas até
o momento é de cerca de R$ 20 milhões. Apenas uma das vítimas teve prejuízo de
mais de R$ 5 milhões.
Os seis suspeitos foram interrogados na Draco ainda nesta
terça. Em seguida foram encaminhados para a Delegacia de Capturas, no Complexo
de Delegacias, na capital goiana. As prisões e apreensões ocorreram em Goiânia,
Anápolis, Goianápolis, Pirenópolis e Formosa.
Foram presos Alexandre Elias Lucas, Rafael José das Neves,
Waldemar Jose da Lima Neto, Murillo de Matos Barboza Paiva, Gidomar Aloisio
Griebeler e Aristóteles da Fonseca Filho.
A reportagem tenta localizar a defesa dos presos. Os nomes e
imagens foram divulgados para auxiliar a polícia na procura por mais vítimas do
grupo criminoso.